sábado, 9 de agosto de 2008





Muitas vezes, em meio ao status variabilis quotidianum de nossas vidas mortais, regidas pela rotina do relógio e do calendário, perdemos o contato com a Alma e ficamos perdidos na montanha russa do dia-a-dia.

Somos “ocidentalmente” educados assim: para fora e para os outros.
Responsabilidade, na nossa educação, é você cumprir todos os seus compromissos com as outras pessoas, família, trabalho, amigos, etc.

E você?

Depois... por último.

“Depois que tudo estiver resolvido vou fazer aquilo”... é o que dizemos.

Mas, “tudo estar resolvido” é algo que nunca ocorre. E assim as pessoas vão tornando suas vidas cada vez mais mecânicas e rotineiras.

Porque no meio dessa “luta” cotidiana existe uma pessoa que nunca é atendida: a própria pessoa!

Um dos conceitos mais revolucionários que conheci sobre Autoconhecimento foi o conceito de Alma, Eu Superior, Eu Interior ou seja lá o nome que demos.

É esse alguém, que existe aí dentro de você, que nasceu junto e permanecerá junto com você em todos os momentos de sua vida e depois dela ainda.

Esse Ente poderosíssimo que faz com que você não seja só um monte de carne e ossos.

Nós nos perdemos no modo como somos educados, nas convenções da sociedade, na religião, e em todas as normas e padrões que “temos que” seguir e cumprir.

E vamos deixando de ouvir a única pessoa que deveria realmente ser escutada à respeito da sua vida: VOCÊ!

VOCÊ acorda todos os dias com você, VOCÊ passa as 24 horas seguidas com você. VOCÊ agüenta as suas crises. VOCÊ é a única pessoa no mundo que pode fazer algo de útil por você.

No entanto, mesmo convivendo todos os dias com essa inefável verdade que diz: “nascemos sozinhos e morreremos sozinhos”, preferimos colocar todo o resto como sendo mais importante que EU.

Entender o conceito da Alma, é entender o real sentido da idéia da Individualidade.

É entender que VOCÊ é único e especial, principalmente para você mesmo.

Eu vi (acho que no blogue da Nana) o trecho de uma palestra, proferida sobre a Nova Era, onde o palestrante iniciava com uma abordagem fantástica:

“Sua Alma Gêmea não existe, é VOCÊ mesmo!”

Há alguns anos atrás, com o advento da Nova Era, a “moda” do Esoterismo vestiu o amor romântico de espiritual com a história essa da Alma Gêmea.
Livros e mais livros saíam falando do assunto, devorados pelo público ávido de encontrar um amor, uma Alma Gêmea, um alguém que lhes suprisse as necessidades que não foram ensinados a receber de si mesmos.

Mas, não adianta.

O único relacionamento perfeito que pode existir é de VOCÊ com VOCÊ. Você (pessoa) com sua Alma (Ente). Se houver um exterior, com certeza será reflexo desse.

Então, como você se relaciona com VOCÊ?

O que você tem feito por VOCÊ ultimamente?

O que você fez de bom pra VOCÊ na sua vida?

Quais são as vontades que VOCÊ tem, mas que você não se permite saciar?

Quanto tempo você dá para VOCÊ?

VOCÊ é a pessoa mais importante e mais interessante da sua vida.
VOCÊ tudo sabe,tudo vê, tudo pode.
VOCÊ sabe exatamente onde estão e como se conseguem as coisas que deixarão você feliz.

E a única coisa que você precisa fazer nessa vida, é seguir as vontades que VOCÊ tem. O resto todo é bobagem, não lhe levará a lugar nenhum, só para mais longe de VOCÊ.

No Ano da Fortuna, você é convidado a se encontrar com VOCÊ.

VOCÊ aí dentro é totalmente diferente de você aqui fora.
VOCÊ aí dentro não tem medo de nada, está pronto e aberto para tudo, não se importa com que os outros pensam ou falam, é pleno de confiança em si mesmo, tem todo o potencial do Universo em si para realizar o que quer.

Já você aqui fora...

Para exemplificar, vamos usar o Arcano X, A Roda da Fortuna, carta de 2008:

Arcano X (Tarot Thot-Crowley)

Como já falamos no começo, a Fortuna é a representação da constante transformação e movimento perpétuo do Universo.

Nada no Universo está parado. Tudo se movimenta, o tempo todo.

E toda a idéia de estagnação que temos é ilusória. Mesmo que a sua casa esteja há anos parada na mesma rua, ou que seus móveis não saiam sozinhos do lugar, a Terra está girando todo o tempo, ela nunca pára.

Mudança é a única constância verdadeira.

Mas como você vê mudança? Como é mudar para você?

Muitos de nós temos sérios problemas em mudar. Levamos vidas inteiras escravizadas por dogmas e paradigmas que não ousamos mudar jamais. Insistimos em buscar alguma segurança em nossas vidas físicas, e alimentamos medos internos enormes que nos fazem tremer mediante a idéia da imprevisibilidade da vida, a Fortuna.

No entanto, existe um único ponto imutável na Roda: o centro.

O sobe desce da beirada da roda lhe apavora, por um único motivo: você está longe de VOCÊ.
Pois, VOCÊ está no centro da Roda e lá não existe queda nem ascensão. Existe apenas a estabilidade da mudança constante do Centramento.

Minha devoção por Hathor, a Fortuna do Egito Antigo, vêm desde que vi uma figura Sua pela primeira vez.



Escolhi-A quando resolvi fazer uma tatuagem, reverenciei-A sempre, mas jamais imaginara quão interessantes seriam as experiências que o Seu ano traria.

Uma dos enunciados básicos que a Roda da Fortuna evoca é: mudança.

Mudar é preciso.
Mudar é bom.
Mudar faz bem.

Quando nos tornamos pessoas extremamente “padronizadas”, estamos nos fechando para o novo. Normalmente tememos o novo por ele ser desconhecido, e assim, incerto.

Porém, VOCÊ é cheio de curiosidades. Tem uma lista enorme de coisas que gostaria de experienciar, coisas novas, coisas que mudariam você e sua vida para melhor.

Mas você não dá vazão à isso, porque isso exige mudança, e a sua vida “cheia de compromissos e responsabilidades” não tem espaço para VOCÊ.

Acho que você está esquecendo de um detalhe fundamental: qual é o sentido da sua vida senão satisfazer VOCÊ?

É muito comum ouvir as pessoas reclamarem de suas vidas. Descontentes elas dizem querer que suas vidas sejam diferentes. Entretanto, elas pensam, sentem e agem exatamente do mesmo jeito... como a vida delas poderá ser diferente?

Se você continuar fazendo o que sempre fez, irá alcançar sempre o mesmo resultado!

Então, permita-se mudar! Abra-se para esse desconhecido VOCÊ!

Desenvolva o seu relacionamento com VOCÊ.

O que fazer? Não me pergunte, a resposta só VOCÊ sabe! Pergunte a si mesmo.

Quando VOCÊ quiser algo, faça! Não espere nem tema, não há dúvida que tudo que você fizer por e pra VOCÊ valerá a pena!

Existem muitas atividades que você pode usar para dar-se um tempo com VOCÊ. O blogue da Nana (www.lealdadefeminina.blogspot.com) está dando um show de idéias nesse sentido.

Descubra aonde mora o prazer em VOCÊ.

Descubra o quanto VOCÊ é capaz, interessante, inteligente, amoroso, próspero, destemido, centrado, harmônico, livre e ousado!

Como eu já disse: Fortes fortuna adiuvat, ou simplesmente, “ao ousado, a Fortuna estende a mão”!

Arcano 0 (Tarot Thot-Crowley)

Acredito que o arcano do Louco no Tarot é o melhor retrato da Alma, ele é o zero, ou o não-numerado.
Está em tudo e está a parte de tudo.
É todos e é nenhum.
Único, ímpar, próprio, original, só é definível por ele mesmo: o Louco.

Da mesma forma que a Alma também é muitas coisas, mas é somente Ela, única e indivisível, definível somente por Ela mesma: a Alma.

O Louco é aquele que desconhece o medo e o perigo, está inebriado na alegria de viver, tem a pureza da criança, todos os potenciais lhe são realizáveis e ele salta no “Abismo do Desconhecido” sem temor algum, com olhos arregalados de curiosidade, apaixonado pelo novo, confiando apenas em seu coração.

Não sou fã de Raul Seixas, mas em um desses dias recentes de correria, ao ir jantar num restaurante, ouvi na voz de Zé Ramalho, o quanto o compositor foi feliz em expressar a Alma/Louco em:

“Eu prefiro ser
Essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo
...
Eu quero dizer
Agora o oposto
Do que eu disse antes
Eu prefiro ser
Essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo
...
Sobre o que é o amor
Sobre o que eu
Nem sei quem sou
Se hoje eu sou estrela
Amanhã já se apagou
Se hoje eu te odeio
Amanhã lhe tenho amor
Lhe tenho amor
Lhe tenho horror
Lhe faço amor
Eu sou um ator...

É chato chegar
A um objetivo num instante
Eu quero viver
Nessa metamorfose ambulante”

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