domingo, 10 de agosto de 2008

Espiritualidade...galáctica


Particularmente, respeito todas as crenças. Não concordo com muitas, mas respeito-as mesmo assim. Mais especificamente, respeito o direito da pessoa acreditar no que bem lhe convier.
Acho crença algo que não é passível de discussão. Cada pessoa tem as suas, e normalmente tem os seus motivos pessoais para tê-las.
Porém, não posso deixar de observar que “crenças” comportam em si “idéias”, idéias estas que são comumente disseminadas juntamente com a crença. Enquanto a crença é algo que diz respeito ao âmbito do indivíduo somente, a idéia é algo que vai além. Alcança as pessoas à sua volta e a sociedade como um todo.
Acredito que diferente das crenças, as idéias são, sim, passíveis de questionamento. Até porque nós vivemos num mundo guiado por idéias, e basta lançar um olhar sobre a História da humanidade para perceber o quanto algumas idéias podem transformar o cenário do mundo.
Idéias são agentes de mudança e também são a base que forma o caminho que o mundo percorre durante um período específico.



A diferença entre a época da escravatura e agora é basicamente uma: Idéia. Na época da escravatura, tinha-se uma idéia bizarra de racismo, em que os brancos criam que os negros eram inferiores a eles. Essa “idéia de superioridade” era apoiada pelo governo, religião e pela sociedade em geral. E baseado nessa idéia, o “homem branco” escravizou o “homem negro” e levou à cabo os horrores que vemos hoje estampados nos livros de História.
Outras idéias modificaram o cenário geral, trouxeram “abolição” do regime baseado na “idéia racista”. E mesmo tendo isso ocorrido, ainda existem vestígios fortes dessas “idéias de superioridade racial” pipocando na sociedade atual.
As crenças em si são inofensivas, já as idéias que essas crenças disseminam têm um extremo poder.
Por mais que se critiquem os céticos e ateus, eles têm uma característica louvável: são pacíficos!
Nunca ouvi falar que os ateus levantassem-se para travar uma guerra ou promover um massacre a fim de defender uma idéia sua qualquer.



Já os fervorosos crédulos, ergueram muitas vezes na História, e erguem ainda hoje, suas armas contra aqueles que têm idéias diferentes deles.
As pilhas de mortos vitimados por disputas de crenças, sejam religiosas ou nacionalistas, não perdem em nada para as causadas por disputas civis ou políticas.
E tantos outros são os absurdos que vemos sendo cometidos constantemente em nome de idéias geradas pela crença numa “religião X” ou num “deus Y” ou numa “filosofia Z”.
Essas idéias começam insignificantes, proclamadas por crença de um ou dois, e logo se espalham pela massa ganhando uma força imensa.
É a este ponto que me refiro aqui. Que fique claro, respeito às crenças e respeito mais ainda o direito de liberdade de credo do ser humano. Mas não posso deixar de questionar as idéias que vêm associadas a estas crenças.
Como toda pessoa, tenho as minhas crenças particulares, e sou testemunha destas. Respeito muito isso da pessoa ter as suas experiências, e acho que nada poderá ser tão válido do que aquilo que a pessoa experienciar internamente.
Porém, acho terrível ver a disseminação de idéias criada por algumas crenças, principalmente no meio místico/esotérico, que parecem mais afastar a pessoa da sua espiritualidade do que aproximar.
Parece-me, às vezes, que a corrente da Nova Era, está tomando o mesmo rumo errôneo da religião secular. Deixou de cumprir o seu papel de “religare”, para ser só um proliferador de idéias infundadas e, muitas vezes, contrárias à nossa verdadeira natureza.
E todos os dias surgem mais e mais “mestres” e seres “iluminados” entre nós. O que eu acharia maravilhoso, não fosse o fato de, ao conhecer seus “ensinamentos”, deparar-me com uma montanha de idéias incoerentes e nada produtivas.
Pode ser que eu seja crítico demais e crédulo de menos. Não descarto essa possibilidade. Entretanto, sinceramente, não consigo compreender o propósito “elevado” de algumas coisas que leio e ouço por aí.
O último “grito da moda” na mística atual são os movimentos intergalácticos.
Ora, eu acredito na existência de vida inteligente extra-terrena. Considero inclusive um assunto deveras interessante. Não! Eu nunca vi nenhum ET, tampouco algum disco-voador, nem estive em algum outro planeta, nem mesmo canalizei ou tive qualquer tipo de contato telepático/intuitivo com nada disso.
Mas basta conceber por um momento a grandiosidade do Universo, essa infinidade de planetas e estrelas, galáxias e sistemas, para considerar humanismo demais crer na possibilidade de haver vida inteligente só aqui na Terra.
Agora, daí para as missões intergalácticas, mensagens espirituais e profecias mil que andam inundando principalmente o meio virtual, tem uma boa distância.



Encima do Calendário Maia, foram feitas incontáveis predições e profecias sobre uma grande catástrofe, seguida de uma grande evolução para o nosso planeta. Daí em diante, inúmeras mensagens e canalizações de seres do espaço vêm aparecendo com os mais variados conteúdos.
O calendário termina sua contagem em 2012. E que esta é uma época de grandes transformações está claro, e isso nada tem em haver com o resto das galáxias! Não precisamos olhar pro céu para ver isso, basta que observemos a terra, aqui onde estamos.
Há séculos o ser humano vem consumindo os recursos da Natureza de modo desenfreado e sem qualquer responsabilidade. Cada vez procriamos mais, cada vez invadimos mais espaços intocados, cada vez consumimos mais e preservamos menos.
É óbvio que uma “catástrofe” irá ocorrer! “Catástrofe Natural” é o nome que damos ao meio que a Natureza usa para reequilibrar o sistema do planeta.
E isso não é uma “guerra de mundos” nem uma “fatalidade do destino”, é uma resposta quase matemática da Natureza, que nunca foge de suas leis, como a bastante conhecida “ação e reação”.
O planeta não vai terminar, a Natureza não vai se extinguir, Ela sempre se adapta e sobrevive. A raça humana sim, corre um sério risco de extinção. A Natureza é atemporal, nós não.
E nem poderíamos dizer que algo assim seria cruel, afinal, nossas atitudes buscam isso constantemente.



É terrível quando vemos as imagens de uma erupção, desolando cidades inteiras. Realmente horrorosa a destruição. Mas, o que faz uma cidade cheia de habitantes nos pés de um vulcão em atividade regular?! É apenas um exemplo.
Portanto, eu não desacredito do contato que fulano teve com o “comandante intergaláctico”, mas não acredito que a mensagem “cor-de-rosa” de amor e luz vá salvar-nos da destruição.
Se houver uma salvação para essa humanidade, terá de sair dela mesma. Não virá do céu.
Há uma onda frenética sobre o tal “cinturão de fótons”, as Plêiades e etc.
Primeiramente, quem saiu com essa história, ou está falando das Plêiades de uma outra dimensão, diferente da nossa, ou está errado. Pois, aqui na nossa, o cinturão esse não existe!
E, mesmo que existisse, ao invés de benefício, traria um grande problema pro planeta. Imaginem a Terra passando por uma faixa de luz, não teríamos mais a noite! Já pensaram no tamanho do desequilíbrio que isso traria para a Natureza? Imaginem, por exemplo, o que aconteceria com a nossa fauna noturna!



A mesma coisa foi, agora dia 8, a tal “abertura do portal de Órion”. Eu tive uma sexta-feira maravilhosa, mas que nada teve em haver com o portal. Creio eu, que para a maioria das pessoas foi também assim.
Eu li, num desses milhares de e-mails que vinham circulando sobre o assunto, que nesse dia 08/08/08 com a abertura do tal portal, nossos desejos e pensamentos seriam potencializados para até mil vezes mais que o normal. Que desgraça!
Com exceção da meia dúzia que estaria projetando “amor e luz” para o mundo, já pensaram no horror que seria a potencialização dos bilhões de mentes alienadas do planeta nesse dia?
Como eu disse antes, eu acredito na existência de outras civilizações fora do nosso sistema, creio da possibilidade de haver até algum tipo de contato e, quem sabe, convivência e tudo mais.
Mas não deixo de ver nessa “crença na ajuda intergaláctica”, uma manobra extremamente nociva, disseminando uma idéia que novamente joga as pessoas para esperar uma salvação que virá do céu, ao invés de voltá-las para seus interiores, para o entendimento de suas naturezas, para o trabalho real de suas consciências.
Não me parece viável, que nos tornemos criaturas de “paz e luz”, simplesmente negando nossos aspectos sombrios, sem entendê-los e lapidá-los.
Mas, repito: é a minha crença. Respeito todas as outras. Apenas vou sempre questionar as idéias inclusas nestas.

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