quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Intocado...


Há em mim um território desbravado, desconhecido e intocado.
Que permanecerá assim por toda a vida.
Ninguém além do “eu” conhece esse espaço, ninguém pode conhecer.
Lá existem coisas que levarei pro túmulo.
Confessarei somente à Morte.
Que não contará a mais ninguém...
Ninguém que viva para espalhar a história.




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O barulho, de dentro e fora


O barulho de fora não me deixa ouvir o de dentro.
Tenho vontade de sair, correndo.
Ficar sozinho, de mim.
De tudo.
Olhar pro nada e pensar
Pensar, pensar
Pensar em nada
Até que isso passe
E o silêncio retorne.




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sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Primavera bendita!

Quando os primeiros raios de sol surgirem no horizonte, o inverno terá passado por completo.


["Sous le dôme épais" (The Flower Duet), aria da ópera Lakmé, de Léo Delibes]

Bendita e bem-vinda sejas, Primavera!

Dai-nos a alegria das tuas cores,
A beleza das tuas flores,
O encanto dos teus perfumes,
O deleite dos teus sabores,
O delírio dos teus prazeres,
A benção dos teus amores!




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quinta-feira, 22 de setembro de 2011

O XV ri...


[Detalhe do Arcano XV - O Diabo - Thoth Tarot / Crowley-Harris]

É repentino. Sem aviso. Quando estou assim, distraído em vãs preocupações.
Ouço as engrenagens rangerem, e o bode saltar a roda.
Uma intuição vazia, que nada diz. Apenas me toma, como uma onda.
Ou o súbito estado da embriaguez.
Um riso involuntário.
De dentro.
Desprendido.
Descabido.
Despropositado.
Sem sentido ou razão qualquer.
Deboche e loucura.

Puxando as cordas de suas marionetes, ele surge.
Estampada no rosto, a risada presunçosa, de uma certeza incógnita.
O XV me olha, com uma soberba certeza.
Sobre aquelas coisas que só com seus olhos se consegue ver.
Das coisas que só ele sabe, só ele entende, só ele pode.
No drama de hoje, a comédia de amanhã.

O XV ri de mim.
Ri pra mim.
Ri em mim!




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A pior coisa...



A pior coisa que alguém pode fazer, é me deixar perceber que não faz falta.

That's the point of no return...




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segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Copas de Abundância


[Três de Copas - Thoth Tarot / Crowley-Harris]

O comum não me serve
não me cabe
não me preenche
não me espelha
nem me traduz

Eu quero o novo
o muito
o mais,
e mais
e mais ainda!

De copas transbordantes do impossível
inesperado
incriado
indizível
incontido

Sim, eu quero, assim!




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domingo, 18 de setembro de 2011

"MELANCOLIA", uma Catarse Psicológica

Passaram-se já algumas horas desde que me levantei, aturdido, da poltrona do cinema. Mas o impacto do encontro com universo cinematográfico de Lars von Trier, em “Melancolia”, ainda está presente em mim, e creio que levarei mais alguns dias para digeri-lo.
Estou a anos-luz de distância do que se possa chamar de cinéfilo. Logo, o que segue não pode ser considerado uma resenha, de modo algum, tampouco uma crítica. Não é nada além de uma impressão minha, muito particular, acerca do filme. Que tentarei desenvolver sem criar algum tipo de spoiler.
“Melancolia” é o terceiro filme que assisto dele, e o primeiro que vejo no cinema. O que me levou a querer assisti-lo foi o mesmo motivo dos anteriores: comentários intrigantes tecidos por gente interessante.

Depois de vê-lo posso afirmar que os relatos não foram em nada exagerados. O filme é realmente assombroso!
A ausência do cartaz nos cinemas mais “comerciais” acabou por me trazer a gratificante descoberta das salas da Casa de Cultura Mário Quintana, em Porto Alegre.
Pra variar atrasados, conseguimos chegar ainda antes do início da exibição, mas já com os melhores lugares ocupados. Um lugar mais à frente e pra esquerda da tela foi a melhor opção encontrada, mas não importava, veria o filme nem que fosse de pé na porta!
As primeiras cenas são, pra dizer pouco, lindíssimas. Não há uma fala sequer, apenas música e uma fotografia indescritível em câmera lenta. As duas horas seguintes são um mergulho avassalador no âmago das emoções humanas. Não há nada de óbvio, gratuito ou esperado ali.
O estilo único com o qual von Trier filma me causa uma reação muito peculiar, parece atingir meu inconsciente, atacar meus instintos, mexe com o meu “bicho” interno. Neste filme, a forma como as cenas vão se arrastando, sendo compostas e cortadas, a sonoplastia que mais parece um ruído branco constante e os diálogos sussurrados e dissonantes só intensificaram esse sintoma.
Enquanto a história seguia na tela, iam me brotando sensações involuntárias de fome, raiva, ansiedade, sono, excitação, medo, etc.
Em cada personagem, ele espelha e explora com maestria questionamentos acerca dos conceitos pré-estabelecidos de comportamento, ética e felicidade que temos.
As relações e conflitos entre eles dissecam, numa análise quase cruel, o baile de máscaras que vivenciamos no convívio social.
Ele ousa, como nenhum outro, levantar hipóteses de um fatalismo desesperador. E também apontar verdades doloridas.
Em diversos momentos, me peguei tentando “encaixar” os fatos da história num âmbito dentro do “aceitável”, mas foi impossível. A negativa da validade a toda e qualquer convenção era a base do seu script. E é aí que a lâmina sutil do filme atravessa todas as barreiras e te arranca as entranhas. Na exposição impiedosa daquilo que talvez todos fujamos de considerar.
Fui sendo consumido por uma agonia crescente, o desejo por um desfecho pra história era enorme, mas o filme seguia seu ritmo impassível. Parecia não ter mais fim, sem limite.
Assim como a depressão da personagem, cuja complexidade vai desafiando por completo nosso entendimento. Vai além, muito além dos limites do que se consideraria real ou possível.
Até que terminou, em um ponto do qual não há mais volta.
Em meio a essa loucura fria, o lírico brota. Belíssimo. Mágico. Inexplicável.
No que me pareceu o retrato fiel da solidão vivenciada pela Alma, em sua passagem pela carne. Relutante em colocar-se dentro de um padrão ditado pelo mundo, incapaz de preencher-se com qualquer coisa menor do que realmente é. Inacessível a qualquer outra pessoa, desconhecida de todos debaixo da máscara, ansiando o êxtase do reencontro consigo, no seu universo particular.
A mente não é capaz de processar, ou suportar, coisas que as emoções entendem porque dispensam a lógica e não se põem sob análise.


[Trailer - "Melancolia" (Melancholia) - Lars von Trier - 2011]

Gostaria muito de saber quais foram os fatores que levaram von Trier à essa criação. Quem ele estaria representando ali? Que pessoas, além de si mesmo? Qual o sentido dessa simbologia que ele usou?
Não sou capaz de imaginar que nível de vivência tenha lhe ajudado a compor essa obra.
O filme é riquíssimo em símbolos e analogias passíveis de uma análise profunda. Mas pra isso teria que ser assistido novamente, creio que não farei isso tão cedo.
Confesso, me falta coragem...




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quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Campanha MENTIROSA em favor dos animais

Nos idos tempos do quase falecido Orkut, alguém cometeu a infelicidade de deixar o "protesto" abaixo nos meus scraps:


ABSURDO!!

Aprovada Lei que permite TORTURA de animais.

O Deputado Edson Portilho, do Rio Grande do Sul, teve a desventura de criar um projeto de lei que permite que os animais sejam torturados e sacrificados em rituais religiosos.
O parlamentar, sabendo que os protetores dos animais se manifestariam, fez a seguinte trama: marcou a apresentação para votação da lei num dia de julho, mas fez um chamado urgente e marcou a reunião às pressas, mais cedo. Os únicos avisados foram os demais deputados. Ou seja: não havia defesa.

Os animais não tiveram oportunidade de ter pessoas que os representassem. Quem poderia responder por eles?
E aconteceu o que mais temíamos: houve 32 votos contra os animais e apenas 2 a favor. Os animais agora poderão ter olhos e dentes arrancados e cortados em vários pedaços para fazer o tal Banho de Sangue. Os animais que não servem mais para o ritual são mortos a sangue frio, conscientes e sem qualquer anestesia.
Por isso, vamos garantir que o deputado nunca mais consiga se reeleger.

Divulgue, para que Edson Portilho não se eleja para mais nenhum tipo de cargo.



E hoje, fiquei absolutamente embasbacado de ver isso circulando também no Facebook.

ABSURDO pra mim é ver gente, que eu tenho certeza que é inteligente, e muito, proliferando uma estupidez dessa.

Porque isso provém de um interesse político, só e exclusivamente, ainda acrescido de intolerância religiosa, mas muito bem disfarçado sob a máscara de "compaixão com os animais".

Eu não quero entrar no mérito da polêmica de se é certo ou errado a prática do sacrifício animal. Isso é um fundamento religioso e cada um pode, e deve, ter sua opinião à respeito.

Mas não poderia deixar de manifestar o meu repúdio à mentira e manipulação inseridas nesse chamado.

"Aprovada Lei que permite TORTURA de animais." - Primeira mentira.

O referido projeto de lei é o N° 282/2003, que faz uma ressalva na Lei 11.915/2003 (Código Estadual de Proteção aos Animais), dizendo o seguinte:

"Não se enquadra nessa vedação o livre exercício dos cultos e liturgias das religiões de matriz africana."

Quem quiser verificar pode acessar o PL aqui:
http://www.al.rs.gov.br/Diario/Proposicoes/PROP1676.HTM

Pra quem não sabe, esse PL surgiu porque alguns políticos da bancada evangélica do RS, sob o pretexto da vedação do sacrifício estabelecida pela Lei 11.915, estavam tentando PROIBIR a prática religiosa afro-brasileira no estado.

"...fez a seguinte trama: marcou a apresentação para votação da lei num dia de julho, mas fez um chamado urgente e marcou a reunião às pressas, mais cedo. Os únicos avisados foram os demais deputados. Ou seja: não havia defesa." - Segunda mentira.

A aprovação em caráter de urgência ocorreu sim, não por uma "trama" ou má fé do deputado, mas em função de toda uma mobilização pública dos representantes das religiões de matriz africana contra a proibição da sua livre prática e culto.
Ou seja, o PL não foi aprovado por "falta de defesa", como nos quer induzir crer o texto enunciado.
Os 32 votos da aprovação provieram da pressão ocasionada pela manifestação popular.

Mas o que realmente me deixa indignado é o contexto hipócrita e calunioso inserido nessa campanha.

"Os animais agora poderão ter olhos e dentes arrancados e cortados em vários pedaços para fazer o tal Banho de Sangue." - Terceira Mentira.

O tal "banho de sangue" é uma iniciação religiosa do culto afro-brasileiro, conhecido no RS como Batuque ou Nação dos Orixás.
EU mesmo passei por essa iniciação. Fiz parte desse meio religioso durante muitos anos, e NUNCA vi uma barbaridade como essa descrita acima acontecer.
Mesmo nos lugares e ambientes de pior categoria, NUNCA soube de nada parecido.

Não existe TORTURA de nenhum tipo na liturgia africana. O que existe é o SACRIFÍCIO animal. Diametralmente diferente.

A estupidez ainda prossegue: "Os animais que não servem mais para o ritual são mortos a sangue frio, conscientes e sem qualquer anestesia."

Em primeiro lugar não vão existir animais que não sirvam mais para o ritual, pois só são levados ao ritual os animais que foram escolhidos para ele.

Em segundo lugar, e essa é realmente a parte que mais me deixa injuriado, o animal cuja carne você come foi abatido como? Não foi "a sangue frio"?! Por acaso foi sedado para não sofrer?!

Ora, o que ninguém comenta nesse caso é que TODO animal que é sacrificado tem sua carne CONSUMIDA pelos praticantes do culto.
Isso também faz parte desse ritual "horrendo". É prerrogativa que se COMA a carne do sacrifício.

Tanto que isso também foi assegurado em Lei! No Decreto 43.252/2004, onde lemos o seguinte:
"Para o exercício de cultos religiosos, cuja liturgia provém de religiões de matriz africana, somente poderão ser utilizados animais destinados à alimentação humana, sem utilização de recursos de crueldade para a sua morte."

Pode ser verificado aqui:
Decreto 43.252/2004

Traduzindo: o animal é abatido, sua carne é preparada e consumida por algumas pessoas. Espantado? Mesmo? Isso soa muito estranho pra você?

Há propósito, você que está divulgando freneticamente essa campanha infundada e caluniadora, É VEGETARIANO?

Sinceramente eu espero que seja! Porque se você consome carne animal, saiba que você é tão ou mais TORTURADOR que o deputado Portilho ou qualquer outro praticante da religião afro!

Um animal sacrificado num rito desses, provavelmente viveu e também morreu melhor do que aquele que originou o franguinho ou o seu bife do almoço de hoje.

Até porque o culto exige que o animal pra ser sacrificado esteja saudável, bem alimentado, bem cuidado, etc. Logo, essas BARBÁRIES descritas na campanha são totalmente infundadas.

Mas acontecem com muita frequência nas granjas e frigoríficos de onde provém nossas carnes. Pense um pouco nisso...

A VERDADE sobre essa campanha, o interesse REAL fica bem expresso na mensagem final:

"Divulgue, para que Edson Portilho não se eleja para mais nenhum tipo de cargo."

Não é compaixão que está por trás desse movimento, é POLÍTICA. Mais que isso, é a IGNORÂNCIA da intolerância religiosa que vem assolando esse país.

Edson Portilho acabou por se tornar porta-voz das religiões afro-brasileiras no governo do RS. E, assim como outros políticos em escala menor, vem sendo atacado sistematicamente pela inquisição evangélico-pentecostal que busca desesperadamente transformar o Estado Laico numa Ditadura de Intolerância e Ignorância.

Ao colar essa campanha no seu mural, não é aos animais que você estará ajudando...

Fica registrada minha indignação,

Fabiano Medeiros




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quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Change


O tempo muda, as coisas.
As coisas mudam, com o tempo.
Estações também mudam.
Mesmo assim, o inverno é sempre sombrio.
A primavera, sempre sedutora.
Tal como as pessoas.
Ah, as pessoas!
Estas nunca mudam...
Você apenas lhes descobre o que não sabia.
Mas, mudarem? Nunca.
Eu mesmo sempre fui assim.
Desse jeito, imutável.
Embora nunca antes soubesse disso.
Agora que sei, sei somente, que não mudo.
Muda apenas, o que de mim, ainda não sei.




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