quarta-feira, 11 de junho de 2008

Yves Saint-Laurent, morre o "Mozart da Moda"...


Dia 1º passado, falecia Yves Henri Donat Mathieu-Saint-Laurent, a quem o mundo todo conheceu sob as inicias entrelaçadas “YSL”.

“Sim! Mais um daqueles velórios de ricasso cheio de celebridades e fotografias nos jornais... Que tenho eu com a morte de um famoso do mundo da moda?” – deverão perguntar-se alguns de vocês.

Primeiro: é verdade. Mais um daqueles velórios como dito acima.

Segundo: o mesmo que tem qualquer pessoa que use roupa sobre o corpo! Afinal, mesmo que você (assim como eu) não seja nenhum cliente da alta-costura internacional, todo o resto das roupas produzidas no mundo guia-se pelo que se produz lá. Logo, mesmo que a sua roupa de hoje não seja YSL, CK, PRADA, Gucci ou qualquer outra, com certeza ela foi concebida e industrializada segundo os parâmetros dessas empresas e de das concepções de seus criadores.

Eu não estou aqui para discutir a escravidão ditada pelo mundo da moda às pessoas, principalmente às mulheres, nem nada do estilo.



Sou um admirador dos gênios contemporâneos, e entre estes, de forma especial, sempre gostei muito de observar as criações de personagens como Versace e Yves Saint-Laurent, essencialmente pelo extremo bom gosto destes.

Acho difícil alguém não concordar comigo tendo diante dos olhos uma camisa YSL ou nas mãos um couro Versace...
Mas não são essas “futilidades” que venho trazer aqui, venho levantar uma questão um pouco mais além: a moda reflete diretamente o que está acontecendo na sociedade. Nos bons e nos maus aspectos.

Então, se alguma mulher que está sentada em seu escritório, vestindo calças ou um terninho típico desses ambientes de trabalho, passou os olhos sobre essa notícia com algum tipo de desdém, está cometendo uma grande ignorância.
Provavelmente desconheça totalmente o fato de que, em meados de 1966, Yves Saint-Laurent afrontou os padrões da societas, trazendo à passarela uma criação de mudou totalmente os rumos da vestimenta feminina dali em diante, falo do “Le Smoking”.



"Hoje as mulheres andam normalmente de terno e calças compridas. Isso parece normal, cotidiano, mas na época a mulher era proibida de entrar num restaurante ou num hotel. O smoking, usado até hoje, foi uma provocação sexual, dirigido à mulher que queria ter um outro papel."
(Suzy Menkes, editora do International Herald Tribune)

Exatamente, a genialidade desse estilista ocorreu em perceber que junto com as mudanças que estavam ocorrendo no universo da mulher, havia a necessidade de dar-lhes liberdade e poder vestuário para a nova atitude do feminino da época.

Anos antes Coco Chanel, como era conhecida Gabrielle Bonheur Chanel, fizera o mesmo, ou até mais, ousando dar a mulher a possibilidade de largar todo o aparato opressor e moralista de antes, criando uma concepção baseada em liberdade e exaltação da beleza do feminino.

Não vamos entrar no mérito aqui, sobre até que ponto essa “igualdade” foi real. Mas não posso deixar de admirar a ousadia dele.

Obviamente o mundo não se rendeu ao estilo Chanel facilmente nos anos seguintes, até que ele teve a coragem de prosseguir com a idéia dela, adaptada à época e à sua concepção.
O resultado é visível nas ruas, e nas passarelas, de qualquer grande cidade atual.

Essa é a questão que me faz mencioná-lo aqui: ousadia!

Falando em ousadia e em passarela, foi ele também o primeiro estilista do mundo a colocar modelos negras na passarela.

Mas talvez o passo mais ousado de Yves tenha sido, em 1971, o anúncio de uma nova fragrância sua, para a qual ele posou nu, e causou choque em diversos setores da sociedade.



Sua resposta foi uma outra pergunta: “Porque é mais aceitável quando uma mulher posa nua para um anúncio do que quando um homem o faz?”

Simplesmente, como todos sabemos, porque segundo os padrões patriarcais da sociedade, a imagem da mulher pode ser exposta e abusada até o último, enquanto a do homem deve ser preservada.

Que eu saiba, ele foi o único da época a fazer algo assim, mas agora passados alguns bons anos, o polêmico Tom Ford, seu “substituto”, escancarou de vez a iniciativa de Yves Saint Laurent com o anúncio do “M7”:



E, sem comparações descabidas com o gênio antecessor, aplaudo sua ousadia por igual!

2 comentários:

Nana Odara disse...

UAU!!!

Anônimo disse...

- An-dré-ah?
- Sim Miranda!

Inteligente e divertido! Que seja possível surgirem outros gênios como ele, ou estaremos perdidos!